Anticlericalista?

17/12/2023

Por: Prof. Gabriel Sapucaia


A Santa Igreja Católica, que não é e nunca será Mãe e Mestra dos hereges, é esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo, esposa esta que não comunga da fé dos ladrões, dos lobos e dos salteadores do redil do Bom Pastor, sejam eles clérigos, religiosos ou leigos. Mas, existe uma tendência no movimento "tradicionalista" brasileiro que visa a divinização e até mesmo a idolatria daqueles que receberam as Ordens sacras, no caso, os presbíteros (padres), a ponto de, pelo fato de serem padres validamente ordenados, escusarem quaisquer de seus escândalos, sejam eles de nível moral, canônico e até mesmo doutrinário. A regra é clara: recebeu as ordens? Sanctus est.

Não obstante, de modo contrário àqueles que, eivados de um espírito jacobinista de ódio ao clero, não por conta de sua corrupção, mas por conta do que eles representam na Terra (outro Cristo), os padrólatras (irei chama-los assim) do movimento "tradicionalista" brasileiro (MTB), tendem a divinizar o padre como se fosse infalível ou inquestionável em qualquer ponto, e os que agem de modo contrário são taxados de "anticlericalistas". Mas por que a padrolatria existe no MTB? Por conta de que temos padres virtuosos, idôneos e doutos? Não, somente porque fazem parte do "grupinho" e porque são válidos. No MTB existe uma rixa natural entre os grupos. Exemplo: se eu faço parte do apostolado X, logo eu devo combater o apostolado Y porque não gostam de nós, e isso automaticamente faz com que os padres do meu grupo sejam irrepreensíveis, apesar de já ter sido exposto o contrário. Não importa! O que importa é que faz parte da seita.

O que acontece quando alguém, notando um crime contra a fé, moral e lei canônica vindo de parte de um padre sedevacantista (que deveria, pelo menos em tese, ser mais doutor do que os demais grupos e ser mais radical) expõe tudo? É taxado de anticlericalista, sem caridade, desobediente, cismático e sectário. Ou seja, é taxado de tudo o que os modernistas na época do Concílio do Vaticano II (CVII) taxavam os sacerdotes que resistiram ao CVII.

O que mudou desde o CVII? Nada. O MTB continua com a qualidade de clérigos (doutrinária e moral) idêntica à do período entre o pontificado de Pio XI – Falso pontificado de Paulo VI: omissos, sem doutrina reta, imorais em boa parte e vândalos da lei canônica. São verdadeiros piratas que só se importam com saque de fiéis para conquistar mais territórios e assim aumentar o dízimo. E se você é um fiel que os ama e quer servir, como foi no meu caso, está tudo bem. Mas a partir do momento em que você denuncia o herege de batina do próprio grupo (o que evidencia que você não é omisso ou passador de pano), o que ocorre? Você será tragado por aquele que permite tudo isso: o Bispo, que nada mais consegue fazer além de choramingar após isso.

Atacar os hereges, imorais e omissos significa ser anticlerical? Bem, pelo menos existiram santos que podem justificar minhas ações em seus respectivos livros e vidas:

  • São Nicolau esmurrando ÁRIO que era um Bispo válido e com jurisdição.

  • São Pedro Damião que denunciou a corrupção sodomita do clero do século XI.

  • São João Crisóstomo que já escreveu diversas exortações contra clérigos maus.

  • São Gregório Magno que já avisou que o caminho do inferno estava pavimentado com os ossos dos sacerdotes e religiosos e que os crânios dos Bispos eram as lâmpadas que iluminavam esse caminho.

  • Santa Catarina de Sena que disse aos cardeais que mereciam mil mortes pela covardia deles em permitir que o cisma do Ocidente ocorresse por medinho das críticas e perda de dízimo. E mais: ela constantemente mandava os sacerdotes serem homens e agir conforme sua missão.

Agora, quantos santos vocês, padrólatras, conseguem utilizar para provar que se deve passar panos quentes para padres que são publicamente escandalosos em doutrina e moral? Se fossem pecados ocultos, o silêncio era a alternativa, mas quando tudo se torna público, nem mesmo Santo Inácio de Loyola em seus Exercícios Espirituais culpa quem fala disso em público.

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